Um dia de calmaria

“Conheço minha sina
passar por esta e outras vidas sozinha
perder a pureza de menina
sofrer em demasia
encher o copo
e continuar vazia

Conheço minha sina
andar por ruas, alamedas, avenidas
buscar respostas em canções, melodias, rimas
escrever poesias infinitas
tentando amenizar o coração em agonia

Mas realmente espero que um dia
tudo se transforme em calmaria”.

(Jacqueline Campos)

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Entre todos os medos do mundo

“Tenho receio do apego,
do bom aconchego,
de me apaixonar, de me doar,
me entregar

Mas às vezes já me pego sorrindo
lembrando daquele nosso momento
de carinho

Você, aos poucos, me fez mudar de caminho
vindo me dizer que sozinho já não quer mais ficar
que quer seguir junto comigo,
construir uma nova e longa história,
juntos morar

E, logo eu, sempre sozinha
acho que posso acreditar
que, finalmente, um dia poderei ter um Amor
para chamar de lar”.

(Jacqueline Campos)

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Declaração

“O sonho realizado
O abraço apertado
O beijo, o afago
 
O vento trazia lembranças
de um presente, um futuro
imaginário
 
Ele, mais alto do que ela, poderia abraçá-la
beijá-la, mordiscá-la sem hesitação
 
Ela adoraria sua eterna companhia
adoraria fitar os olhos do rapaz
sem ser arredia
Adoraria que ele consumisse 
horas do seu dia
 
Ele, mais misterioso do que ela, poderia 
questioná-la, amá-la sem razão
Ela mais ainda adoraria acordá-lo com sinceros
‘bom dia’ sussurrados ao ouvido, tinindo
ao coração”. 
 
Declaracao
 
   Obs.: Poesia regada à “Cavalier”, de James Vincent McMorrow ♪
 
   (Jacqueline Campos)

Sentimental

“Lá se vão anos de conversas, às vezes dispersas, declarações, beijos interrompidos, afagos contidos, desejos, muitas vezes, nem ditos.

Março.

(Não era) Uma tarde qualquer.

Como sempre, os pensamentos voltados a ele.

Sentou-se em um banco.

Horas a pensar.

Pegou o telefone celular e começou a digitar. Lá surgiam elas, aquelas habituais palavras sinceras.

Enviou a mensagem, mistura de receio e de saudade.

A resposta demorou, mas, chegou.

Ficou empolgada com as poucas, mas, de certa forma, ternas palavras.

Respondeu a mensagem que recebera. Mas, talvez ele demoraria a receber dado o local onde a moça estava.

Mas, eis que naquele lugar que escolheu para descansar conseguiu ‘conectar’ o celular.

Empolgada, excitada, inspirada.

Ele, quilômetros e mais quilômetros distante dali, com as mesmas sensações.

Há tempos não se falavam; não por acaso.

Ele havia percebido, de  fato, o quanto a presença física e mental sobre ela o perturbava.

Ela, apesar de triste com a decisão que ele tomara – de manter distância dos lábios e de qualquer outra parte do corpo dela – o respeitava.

Mas, já não aguentavam mais.

Um querendo rever o outro, sentir o outro, olhar o outro, beijar o outro.

Enfim, um sucumbir ao outro.

Marcaram um horário, um lugar.

Ela chegou primeiro; sentou-se embaixo de uma árvore de carvalho; estendeu uma toalha e deitou.

Adorava, desde criança, olhar as estrelas; enquanto jovem sempre desejara encontrar alguém que olhasse para os mesmos corpos celestes  que ela.

Quase num transe, não percebeu a aproximação do carro dele.

No instante seguinte, ouviu passos sobre folhas de outono, sentiu um cheiro familiar que devagarzinho tomou conta do lugar.Ele, sem dizer uma palavra, deitou ao lado daquela terna moça, que ultimamente só vivia a pensar.

Os batimentos de ambos aceleraram. O rapaz pegou uma das mãos dela, apontou para uma das estrelas que ela depositava os olhos, aproximou os lábios de um dos ouvidos dela e sussurrou ‘é olhando para uma como aquela que eu sempre lembro de você’.

A moça fechou os olhos delicadamente, como num gesto de reflexão, pôs a outra mão no peito do rapaz, quase o abraçando e dizendo ‘quanta saudade de você’.

E, até então, aquele peito nunca havia sido tão confortável e nem tão terno para ninguém.

Uma lágrima solitária caiu dos olhos dela.

Ele perguntou se havia algo errado. Ela, como sempre, exitou em responder.

Ela apenas sorria, enquanto que, por dentro, sofria.

Ele era o que ela mais queria, mas a situação pela qual há anos passavam, talvez, jamais lhe permitiria”.

Se perder e se encontrar. Perder e ganhar. E eu aqui só querendo te amar…

(Jacqueline Campos)

Sentimental (Los Hermanos)

O quanto eu te falei?
Que isso vai mudar
Motivo eu nunca dei
Você me avisar, me ensinar
Falar do que foi pra você
Não vai me livrar de viver

Quem é mais sentimental que eu?
Eu disse e nem assim se pôde evitar

De tanto eu te falar
Você subverteu o que era um sentimento e assim
Fez dele razão pra se perder
No abismo que é pensar e sentir

Ela é mais sentimental que eu
Então fica bem
Se eu sofro um pouco mais

“Se ela te fala assim, com tantos rodeios, é pra te seduzir e te
Ver buscando o sentido daquilo que você ouviria displicentemente.
Se ela te fosse direta, você a rejeitaria.”

Eu só aceito a condição de ter você só pra mim
Eu sei, não é assim, mas deixa
Eu só aceito a condição de ter você só pra mim
Eu sei, não é assim, mas deixa eu fingir e rir.

http://www.youtube.com/watch?v=QEFmuQfDS2A

"(...) é um doce te amar. O amargo é querer-te pra mim (...)" - Condicional - Los Hermanos
“(…) é um doce te amar. O amargo é querer-te pra mim (…)” – Condicional – Los Hermanos

Desejos

“Desejo mais olhares
aqueles teus certeiros
que contemplam aqui única paisagem
 
Desejo mais beijos
mais ensejos sem sossego
 
Desejo mais dias poder sentir
essas tuas mãos levemente frias
 
Desejo ouvir e sentir
suas calorosas batidas
 
Desejo há horas,
meses,
há dezenas de noites
 
Te desejo desde aquele primeiro ‘bom dia’
E não houve um só dia
em que eu não o queria”.
 
(Jacqueline Campos)
 

Depois

Houve abandono repentino.
Ligações recusadas
geraram desalinho.
 
9h45 da matina
Lá estava ela
sentada naquela espécie de cantina.
 
Lembrou daquele rapaz.
 
Uma lágrima surgiu
Emoção contida
emergiu.
 
Lá estava ela
sempre sozinha
mas jamais vazia.
 
Desbravou escadas rolantes, corredores.
Despachou bagagem.
Finalmente sua tão esperada viagem.
 
Vôos chegando, outros partindo.
O dela, ela espiava da janela
sempre sorrindo.
 
A mãe ligou.
O pai, irmã, tia, avó também.
Trocara de telefone.
 
Ele também.
 
Celular em mão, escutou um din don.
Novo e-mail.
Jornalista de férias não “desliga”.
 
Achou que fosse um release
ou promoção qualquer.
Mas, cometera um deslize.
 
A mensagem assinada era do rapaz,
aquele de inteligência
que tanto ela julgava fullgás.
 
“Liguei para você.
Mudou de número?
Estou voltando para casa.
Queria ver você”.
 
Veio um aperto no peito
um dessaboroso
devaneio.
 
“Também liguei.
Mudei.
Estou saindo de casa.
Também queria. Mas já não tenho mais tempo para você”.
 
Seu avião chegara.
Foi ajudar
uma senhora a carregar uma mala.
 
O e-mail ela apenas leu
o deixou na caixa de entrada com vontade de responder
apenas
“Já deu”.
 
A resposta viria depois, quem sabe com um doloroso “Adeus”.
 
(Jacqueline Campos)
 

Acontecer

“Você não tem medo de dizer.
Tem receio é da resposta que pode obter.
Não tem medo de ceder.
Tem receio do Amor acontecer.

Mas você não quer se calar.
Quer sentir o que realmente pode ser Amar.
Você quer experimetar novamente aquela sensação
que lhe deu uma breve
mas intensa
falta de ar.

Não quer deixar morrer
o sentimento que penetrou em você.
Então, pra quê sofrer
se eu e você podemos fazer tudo acontecer?”

por Jacqueline Campos

 

P.S.: I Love You, Planalto Central

Um telefone. Uma passagem. Uma viagem. Uma aterrissagem.
Foi assim. Chegada ao Planalto Central. Selar o “sim” ou, definitivamente, o “não” ao coração.
Eram 23h30. Bolsa e bagagem de mão a postos, lá foi à procura de um motorista.
Já no carro, a indicação da direção. Hotel Tulip Royal, aquele ao lado da residência oficial da Presidência da República.
 
Os minutos, passando. O coração, palpitando.
Meses sem vê-lo. O que esperar? O que dizer se tudo já parecia ter sido dito?
E, eis que como num filme rodado numa Super 8, aquelas tantas cenas de encontros e desencontros passaram pela mente.
Resolveu ligar.
Silenciou.
Preferiu esperar.
Olhou fixa a foto na agenda telefônica do celular e como num gesto a la Dejavu a tela touchscreen mudou de cor.
Era ele. O poeta. O político. O rapaz. Seu carinho.
 
– Oi.
– Oi. – As mãos levemente suaram, transparecendo a vontade exorbitante de se transportar dali para outro lugar.
– Onde está?
– Chegando finalmente.
– Em quanto tempo chega aqui? O voo foi tranquilo?
– Foi sim. Como sempre. Já estou acostumada. Já sabe…
– É, disso eu sei mesmo. Pena que nestas vezes não pude acompanhar você.
– Tudo bem. Não toquemos nisso. Enfim, sobre a chegada… Em 30 minutos estou aí.
– Ok, então. Me liga assim que chegar. Vou buscá-la no saguão.
– Eu ligo.
– Beijo.
– Beijo, querido.
 
Ela só “esquecera” de mencionar que anteciparia sua chegada intencionalmente.
Dez minutos. Chegada ao hotel, o primeiro em que havia se hospedado há alguns anos, durante sua primeira estadia em Brasília.  
Agradeceu ao motorista. Adentrou no saguão. Acelerou o coração.
 
– Esperar. Basta isso. Esperar. – Pensou.
 
Check-in. Rumo ao quarto. Malas num canto. Celular sempre ao lado.
 
– Ainda não. – Sussurrou para si.
 
Então, desceu. Rumou à piscina. Levou consigo o balde, devidamente preenchido com gelo e o vinho suave, que, antecipadamente, pedira para que o serviço de quarto lhe reservasse.
 
O telefone tocou. No político, seu carinho, o sentimento saudoso penetrou.
 
– Já chegou?
– Sim. Já fiz o check-in. Estou na piscina.
– Vou até aí. Me espera.
 
Ela, aos risos, exclamou. – Não demora ou vou embora.
– Não deixo. Jamais.
– Então, mais um beijo.
 
Os dois não sabiam, mas riram juntos, brotando a sensação de que o “final” já não era mais real.
 
E lá estava ela. Inquieta, ainda mais bela.
– Como será que ele está? Tanta coisa para dizer, talvez tanta coisa para viver…
 
E num sussurro chamou o nome dela.
– É você que está aí, tanto tempo, a minha espera?
 
Os dois se entreolhararam. Lembraram do quanto já haviam se amado. Se abraçaram.
O rapaz metido com política e a moça, jornalista.
 
– Senti sua falta.
 
Ela, nada disse. Então, de repente, um só lábio os unificou.
E aquela brisa gelada, resultante da madrugada sem nuvens, se fez motivo para o abraço e o beijo durarem mais do que eternos instantes. 
Finalmente, naquela noite em diante, os vinhos que abririam brindariam não ao “fim”, mas ao “início” de um sonoro e singelo “a você e a mim”. Tim. Tim.
 
Por Jacqueline Campos.
Leia-se: A eterna poetisa em carcaça de jornalista.
 

Sou eu

“Ei, menino. Rapaz.
O que houve?
Quem lhe roubou tua paz?
 
Ah, sim, fui eu.
Melhor,
ainda sou eu
que lhe tenta o coração
que lhe acende uma tal paixão
 
E ainda sou eu
que lhe chama a atenção
que lhe envaidece 
que lhe causa aí dentro 
tanta confusão
 
Ei menino. Rapaz.
Espanta este teu medo,
este teu receio
porque deste jeito você há de continuar 
em desespero”.
 
(Jacqueline Campos)
 
 
“(…) deixa ser como será quando a gente se encontrar (…)” – Retrato pra Iaiá – Los Hermanos

Desdém

 
 
Talvez eu esteja errada
ou quem sabe
apenas Apaixonada
 
Talvez eu já esteja
há muito tempo
Encantada…
 
Mas é uma pena
você ainda teima
na recusa da minha alma plena
 
Pois bem
Eu, com um certo rancor,
podo o que poderia ser
nosso doce esplendor
 
Enfim, meu bem
O seu desdém já não será
de mais ninguém
 
É que num certo instante
poderei encontrar um outro alguém
que, então, me queira bem.
 
(Por Jacqueline Campos)
 
*Inspirações poéticas regadas a Maria Rita e Michael Bublé…

Sina


“Sina essa minha
lembrar
dos teus olhos
nos meus olhos.
Sina essa minha
perceber que tudo foi ilusão
que mais uma vez
machuquei meu coração.
Sina essa minha
que diz preferir a solidão
mas que na verdade prefere
o aconchego do teu coração.
Sina essa minha
dizer não
quando meu coração
prefere uma afirmação.
Sina essa minha
escutar o som das ruas
ecoando seu nome
em forma de canção.
Sina essa minha
de viver
constantemente
sob sofreguidão”.
(Jacqueline Campos – Janeiro de 2011)

A troca

“Já te quis mais perto,
quem sabe até um pouco mais quieto
Até já quis ver você deitado
sobre um destes meus braços castos
Já quis, inclusive, questionar teu olhar
Este seu eu que me faz aquietar
Sim. Já quis me deleitar
neste teu mar
E quantas vezes poder sentir
uma breve falta de ar…
Deixe-me ponderar
O ‘já te quis’ não existe
Eu continuo propondo a fusão
do teu eu com o meu sonhar”.
(Por Jacqueline Campos)

Construções

“Eu vou chorar
Cansei de negar a solidão
dentro deste nobre coração,
deste músculo frágil que obtem sim e ao mesmo tempo não
 
Eu vou chorar em forma de canção
para amenizar a tal questão
que pode prejudicar a fundição
deste corpo sem vida, já sem direção
 
Então,
vou sorrir
É que já não cabe mais em mim
esses teus pontos de interrogação
 
Quero mais são pontos de exclamação
Mais afirmações
do que negações
 
Quero você nas minhas construções”.
 
(Jacqueline Campos)
 

Assim que quis

“Tua incapacidade de retribuir
vem da vivacidade que tens do novo sempre possuir

Preferes agir com frieza, aspereza, miudezas
E eu tanto admiro delicadezas e outras grandezas

Diz e contradiz
Dá-me banho de água fria
feito chafariz

Logo eu que poderia ter sido tua
imperatriz
e na cama, tua meretriz

Perdera a oportunidade de ser mais feliz
Mas enfim
foi assim que quis”.

(Jacqueline Campos – 20/07/2014)

Sinta algo bom ao lembrar de mim

“Digo que não me importo
e com isto engano a mim

Digo que entendo o teu ‘life style’
Porém o meu dial é diferente, enfim

Digo que não te quero
Mas mal sabe você o quanto já o imaginei junto a mim

Às vezes sonho acordada
Talvez até ‘pronuncie, sussurre’ teu nome, mesmo calada
desejando que um dia você também sinta algo bom ao lembrar/relembrar de mim”.

(Jacqueline Campos – 9/7/2014)

 

 

Da primeira vez

“Ainda lembro quando nos vimos
pela primeira vez
quando colocou a cabeça pra fora do carro
com tremenda altivez

Ainda lembro da primeira vez
que ouvi tua voz
com tamanha lucidez

Ainda lembro do elogio que fez
ao coração desenhado em uma das unhas de minha mão
E do meu repentino embaraço pelo esmalte já gasto
que tentei escondê-lo
em vão

Ainda lembro dos teus olhos nos meus
Da nossa vontade de extinguir qualquer que seja o uso da palavra
“adeus”

Ainda lembro daquela primeira vez
que repousei o rosto em frente ao teu
Do seu olhar fitando o meu

É você que mexe comigo
bem fundo
como nunca
nesse mundo”.

(Jacqueline Campos)

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Perigo

“Me refaço e disfarço
que não fui envolvida
pelo teu laço
 
Mas te mordo
te tiro o gorro
te afago ao meu entorno

Me concentro
e te reinvento
a cada movimento
 
Te alucino 
te domino
te acendo aí dentro 
os teus anseios e desejos de menino
 
Me concentro
Mas teu gesto, teu afeto
o teu ‘te quero’ ao pé do ouvido…
Ah! 
São um perigo”.
 
(Jacqueline Campos)
 
Perigo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Música tema: Blue Jeans – Lana Del Rey ♪
 

Bom amar você

“Quero o poder de te acalmar
Mas estremecer mãos, corpo, pensamentos
Quero te despertar
 
Quero com você me deitar
Entorpecer cada beijo, suspiro, batimento, ritmo
 
Quero prender a tua atenção
Acender, na multidão, a tua paixão
 
Quero te dar mais sonhos,
filhos,
muitos risos
 
Quero você sem ‘por quês’
Quero você assim ‘sem querer’
Quero dizer ‘como é bom amar você'”.
 
(Jacqueline Campos)
 
Bom amar você
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dica musical: Beautiful War – Kings of Leon ♪